A
Matemática e o dinheiro: os fatores de correção
(Artigo
organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da
Rede Estadual de Ensino do Maranhão)
O
grande uso prático das progressões
geométricas
está nas sequências de taxa de variação constante. Isso ocorre em
muitas situações que envolvem dinheiro, operações bancárias e
comerciais. Para que você resolva a maioria dessas questões que,
independentemente de estarem ou não nos concursos que realizamos –
e estão – achamos fundamental enfocar com mais detalhes os
fatores de correção e a matemática do dinheiro.
Muita gente acha
que a “Matemática do dinheiro” serve só para pagarmos nossas
contas, conferir trocos, coisas desse tipo. Mas não é somente isso,
sabemos que o dinheiro, as transações bancárias ou comerciais,
estão cada vez mais presentes na vida de todas as pessoas.
Se perguntarmos a
uma pessoa qual o valor de 100 dólares, mais 100 marcos, mais 100
reais, ela provavelmente dirá que primeiramente precisamos converter
todos esses valores para uma mesma moeda, antes de efetuarmos a soma.
Analogamente, precisamos tomar cuidado com valores monetários no
tempo. Será que 3 parcelas de 100 reais, pagas com intervalos de 30
dias, correspondem a um único pagamento de 300 reais, numa Economia
com inflação?
Infelizmente, a
maioria dos livros de Matemática ignora este fato, assim como
ignoram também a inflação. Esse tipo de erro é encontrado tanto
em textos para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio.
Todos devem
concordar que, sem a Matemática, não conseguiríamos entender
nossos contracheques, calcular nossos aumentos de salário,
identificar os produtos que aumentaram demasiadamente de preço,
constatar e criticar as propagandas enganosas, reivindicar nossos
direitos trabalhistas...
Nossa abordagem
inicial será através de um importante “segredo” da “Matemática
do dinheiro” – os fatores de correção. Você irá constatar
rapidamente que este conceito é a base de quase tudo o que se estuda
na Matemática Comercial e Financeira e, com o auxílio de uma
calculadora simples, você poderá entender e resolver uma grande
quantidade de problemas que estão no nosso cotidiano.
Nossa abordagem
será feita de forma contextualizada, através de pequenas histórias
que servirão para nos apresentar e familiarizar com essa Matemática
inserida nas transações financeiras e de comércio.
História
1:
O
salário de Maria era, em agosto de 2001, de R$ 320,00 e, após muita
luta, recebeu um reajuste de 12% no mês de setembro de 2001. Qual o
valor do salário que Maria passou a receber a partir de setembro?
Perguntamos a
dois professores como resolveriam a questão acima proposta e,
obtivemos as seguintes respostas:
Professora
Ana:
“12%
são 12 centésimos, logo, divido 320 por 100 para achar um
centésimo, depois.”
A
solução da professora Ana está correta, uma boa solução. Vejamos
sua solução completa: 320 ÷ 100 = 3,20. A seguir fazemos 3,20 ×
12
= 38,40. Finalmente, 320 + 38,40 = 358,40.
Professor
José:
“12%
são 12 centésimos ou 0,12; para saber quanto vale 0,12 de uma
quantia, basta...”
A
solução do professor José, que também é muito boa, está correta
também. Vejamos sua solução completa: 0,12 ×
320
= 38,40. Em seguida fazemos 320 + 38,40 = 358,40.
Verifique que os
dois professores souberam aplicar seus conhecimentos para descobrir o
novo salário de Maria. O professor José apresentou uma solução um
pouco mais rápida, e ele conhece um fato importante que dá um
significado da multiplicação: ele sabe que, ao multiplicarmos 0,12
por 320,00, o resultado significa quanto vale 0,12 da quantia 320,00,
ou seja, quanto vale 12 centésimos de 320,00.
Gostaríamos que
você acompanhasse conosco uma outra forma de resolver esse problema.
Em agosto, a
professora Maria recebia 100% do seu salário, certo? Mas em setembro
passou a receber 12% a mais desse valor. No total, você deve
concordar que ela vai ficar com 112% desse salário!
Para
achar 112% = 112/100 ou 1,12 de uma quantia, basta multiplicá-la por
esse valor. Faça na sua máquina de calcular a multiplicação 1,12
×
320 e compare com as respostas encontradas pelos professores José e
Ana.
Percebeu que
obtivemos a mesma resposta?
“Refletindo
sobre o assunto”
Alguns alunos ou
professores, que resolvem essa questão como o professor José ou a
professora Ana, podem achar melhor o modo como pensavam antes e
continuar resolvendo os problemas da mesma maneira.
Mas quando
relacionamos as coisas que já sabemos em Matemática podemos
descobrir novos caminhos, e isso nos leva sempre a compreender mais
essa ciência. Veja ainda uma vantagem, a última solução é bem
mais rápida que as demais. Veja:
Salário
de 320,00, após receber um aumento de 12% temos 1,12 ×
320,00 = 358,40.
|
Em Matemática
Financeira, dizemos que, nesse caso:
- A taxa de aumento percentual do salário foi de 12%;
- O fator de aumento (ou multiplicador) do salário foi de 1,12.
História
2:
Durante
uma liquidação, na loja “KOBRA KARO”, foi colocado um grande
cartaz, anunciando descontos de 15% para todas as mercadorias. Quanto
passará a custar uma calça jeans que, antes da promoção, custava
R$58,40?
Poderíamos
desenvolver uma solução mais extensa, como a que a professora Ana
fez na História 1.
15% correspondem
a 15 centésimos do preço da calça.
Um
centésimo do preço da calça corresponde a 58,40 ÷ 100, que é
igual a 0,584. Quinze centésimos corresponderão a 15 ×
0,584, que é igual a 8,76. Dessa forma, o preço da calça na
liquidação será: 58,40 – 8,76 = 49,64.
Que
tal resolvermos da forma mais rápida, como também fizemos na
história 1? Verifique o que vai ocorrer se multiplicarmos 58,40 ×
0,85. Temos que 58,40 ×
0,85 = 49,64.
Por
que será que agora usamos o número 0,85 para gerar o desconto
oferecido pela loja?
Veja que podemos
usar um raciocínio parecido com o que fizemos na história 1, ou
seja: Preço normal da calça = 100%. Desconto oferecido = 15%. Valor
a ser cobrado na liquidação = 100% – 15% = 85%.
Como sabemos que
85% correspondem a 85 centésimos ou a 0,85, temos a conclusão que
queríamos, encontrar o preço da calça com 15% de desconto, bastará
multiplicar o preço normal de 58,40 por 0,85.
Nesse caso temos:
- Taxa percentual do desconto foi de 15%;
- O fator de redução (ou multiplicador) para 15% foi 0,85.
Os
dois fatores (ou multiplicadores) que usamos – o de aumento na
história 1 e o de redução na história 2, são denominados fatores
de correção.
O leitor deve
concordar que todo fator de aumento será um número maior do que 1 e
todo fator de redução será um número menor do que 1. Por que
será?
Exemplo 1:
Se o jornal anunciar, num determinado mês, que a caderneta de
poupança será corrigida pelo fator 1,025, ele estará nos
informando que os investidores estarão recebendo que correção
percentual sobre o saldo anterior?
Solução:
Como
o fator 1,025 corresponde à taxa percentual de 102,5%, verificamos
que a correção das cadernetas de poupança foi de 2,5%.
Aumentos ou
reduções sucessivos e as Progressões Geométricas
Você sabe que em
nosso dia-a-dia é bastante comum encontrarmos situações de
aumentos ou reduções sucessivos, como na caderneta de poupança,
nas liquidações, nos reajustes de impostos ou mesmo de salários
(menos comum, infelizmente). O que será que ocorre com os fatores de
correção nesses casos?
Vejamos um
exemplo:
Uma mercadoria
sofreu dois reajustes consecutivos, de 3% e de 4%, respectivamente.
Qual o aumento percentual correspondente a essas duas correções?
Poderíamos usar
um recurso, bastante válido, de supor um preço inicial para essa
mercadoria (normalmente usamos o valor de 100 reais, pois facilita
nossos cálculos). Em seguida, aumentar esse preço em 3% e depois em
mais 4% sobre a primeira correção.
Comparando o
preço final com os 100 reais, teremos a variação percentual
procurada.
Vejamos esse tipo
de solução.
Preço
inicial = 100
reais
→
primeira correção (3%) = 103 reais →
segunda
correção, 4% sobre 103 reais, ou
seja, 0,04 ×
103 = 4,12 reais, logo, o preço final será de 103 reais + 4,12
reais = 107,12
reais.
Se
compararmos o preço final de 107,12 reais, com o preço inicial de
100 reais, temos que o aumento foi de 7,12 reais e, como esse
acréscimo é sobre 100 reais, temos também que o aumento percentual
foi de 7,12%.
Gostaríamos de
alertá-lo novamente sobre a agilidade que você pode adquirir,
usando para esse tipo de questões os fatores de correção, como já
vimos anteriormente. Vejamos essa outra possível solução.
Vamos
chamar o primeiro preço da mercadoria de P.
Você já deve estar sabendo que, com um aumento de 3%, usando os
fatores de correção, esse preço passará a ser de P
×
1,03
(certo?). Com o segundo aumento de 4%, o preço passará a ser de P
×
1,03
x 1,04 o que corresponde a P
×
1,0712,
já que a multiplicação é associativa. Isto vai significar que,
independentemente do preço inicial ele está, após os dois aumentos
sucessivos, sendo multiplicado pelo fator 1,0712, o que corresponde a
uma variação percentual de 7,12%, a mesma resposta que achamos na
primeira solução comentada.
Gostaríamos
que você observasse esse importante fato nas transações comerciais
e na Matemática Financeira. Aumentos sucessivos (muito comuns em
países como o Brasil) geram um aumento acumulado que pode ser obtido
através do PRODUTO
dos fatores de aumento correspondentes às taxas desses aumentos.
Um raciocínio
parecido com esse seria feito para o caso de reduções sucessivas de
preços ou salários.
Reduções
sucessivas podem ser também calculadas através do produto
dos fatores de redução correspondentes às taxas dessas reduções.
Uma crítica que
fazemos à maioria dos livros didáticos do Ensino Fundamental é que
eles normalmente só abordam os chamados juros simples e, nesse caso,
daria ao aluno a falsa impressão de que os dois aumentos desse
exemplo gerariam um aumento total de 7%. Tal fato só estaria correto
se os dois aumentos fossem sobre o valor inicial da mercadoria, ou
seja, se eles não fossem acumulativos, ou sucessivos – o que
caracteriza uma situação denominada juros compostos.
Exemplo 2:
Qual
a variação percentual acumulada, gerada por dois aumentos
sucessivos de 30%?
Solução:
Aplicando
direto o conceito de fatores de correção, teremos: 1,3 ×
1,3
= 1,69. Logo, houve um aumento acumulado de 69%.
Verifique que, se
usássemos valores monetários, formando uma sequência, como se
trata de taxa fixa de correção, teríamos uma situação muito
particular e já conhecida nossa. Vejamos:
Supondo
um valor inicial de 100 reais. Com um primeiro aumento de 30%,
teremos um segundo valor de 100 ×
1,3
= 130 reais. Com um segundo aumento de 30%, teremos um terceiro valor
de 130 ×
1,3
= 169 reais.
Logo,
temos a sequência (100, 130, 169), que é uma progressão
geométrica
de razão igual a 1,3 (ou 1,30) o que corresponde a uma variação
percentual fixa de 30% de aumento.
O Fato que
verificamos acima irá sempre acontecer quando as taxas de variação
forem constantes e aumentos ou reduções sucessivas. Teremos sempre
a formação de progressões geométricas.
História
3:
O
remédio que o Sr. João toma diariamente, para pressão alta,
custava R$ 40,00 no mês de abril de 2001 e passou a custar R$ 48,00.
Qual foi o fator de correção e o aumento percentual correspondente?
Você
já sabe que ao multiplicarmos o valor inicial pelo fator de correção
teremos o valor final, no caso o preço do remédio com a correção.
Isso também significa que, dividindo o valor final pelo valor
inicial, obtém-se o fator de correção: valor
final ÷ valor inicial = fator de correção.
No caso narrado
na história 3, teremos que o fator de correção será igual a 48,00
÷ 40,00 = 1,225.
Espero que, neste
ponto de nosso texto, você já esteja sabendo que esse fator
corresponde a uma variação percentual de 22,5% (aumento do
remédio).
Caso não tenha
ainda percebido o que aconteceu, vale a pena observar que: quando
multiplicamos o valor inicial por 1,225 (fator de correção) é como
se tivéssemos multiplicado por (1 + 0,225). Multiplicar por 1
reproduz o valor inicial e multiplicar por 0,225 (ou 22,5/100) dará
o aumento havido que, em nosso caso, corresponde a 22,5%.
Verifique também
o importante fato de que os números decimais podem ser transformados
em percentagens por uma multiplicação por 100.
Veja:
0,225
= 22,5 % (0,225 ×
100)
0,15
= 15% (0,15 ×
100)
0,8
= 80% (0,8 ×
100)
1,32
= 132% (1,32 ×
100)
2,45
= 245% (2,45 ×
100)
Podemos resumir o
que ocorreu nessa história, quando temos o fator de aumento e
queremos obter o percentual de aumento correspondente.
Dado
um fator de aumento, devemos subtrair 1 dele, para conhecer o
aumento havido.
|
Exemplos:
-
Fator de aumentoAumento geradoPercentual de aumento1,451,45 – 1 = 0,4545,00%1,951,95 – 1 = 0,9595,00%1,071,07 – 1 = 0,077,00%2,862,86 – 1 = 1,86186,00%
História
4:
Ritinha, que recebe um salário de R$ 340,00 por mês, verificou em
seu contracheque que, após todos os descontos sofridos por ela em um
determinado mês, recebeu apenas R$ 299,20. Você saberia determinar
o percentual do desconto a que foi submetido o salário de Ritinha?
Você já
verificou, na história 3, que existe um modo de obtermos o fator de
correção do salário de Ritinha que, nesse caso, será um fator de
redução.
Antes de
continuar a leitura do comentário dessa história, verifique se você
está sabendo como determinamos o fator de correção.
Nesse
caso, o fator de redução será igual a 299,20 ÷ 340,00 = 0,88.
Qual
o percentual de redução do salário de Ritinha, ao ter sido
multiplicado por 0,88?
Se eu disser que
é de 12%, você saberia o porque dessa minha resposta?
O fato é que o
0,88 obtido como fator de redução corresponde a uma taxa de 88%.
Como o salário de Ritinha sem os descontos, corresponde a 100%, a
redução sofrida será a diferença entre 100% e 88%, concorda?
Uma
outra forma de entender essa resposta, e semelhante à que vimos no
fator de aumento, é lembrar que 0,88 é igual a (1 – 0,12) e, se
multiplicarmos o salário de Ritinha por esse fator teremos a
multiplicação por 1, que recompõe o valor do salário, sem
descontos, menos a multiplicação do salário por 0,12, o que
representa os descontos ou seja, um percentual de 0,12 ×
100
ou 12 %.
Dado
um fator de redução, devemos subtraí-lo de 1 para conhecer a
redução ou o desconto havido.
|
Exemplos:
Fator
de aumento
|
Aumento
gerado
|
Percentual
de aumento
|
0,45
|
1
– 0,45 = 0,55
|
55,00%
|
0,95
|
1
– 0,95 = 0,05
|
5,00%
|
0,76
|
1
– 0,76 = 0,24
|
24,00%
|
0,86
|
1
– 0,86 = 0,14
|
14,00%
|
História
5:
Esta
historinha ocorreu (ou melhor, não chegou a ocorrer) na loja do Sr.
Manoel há muitos anos atrás.
O Sr. Manoel
pretendia usar uma estratégia para tentar movimentar sua loja –
aumentaria o preço de tabela de todas as mercadorias em 20% e
depois, anunciando uma grande liquidação, daria descontos de 20%
para todos os artigos que vendia. Achava ele que, agindo dessa forma,
venderia pelos mesmos preços de antes, com a vantagem de estar
anunciando uma liquidação. Antes de continuar a leitura dessa
história, qual a sua opinião sobre a estratégia que ele pretendia
usar?
Quando ele
começou a efetuar os cálculos para compor a tabela fictícia que
usaria como referência, teve o susto de verificar que não ocorria
como havia planejado e que seria obrigado a vender por um preço
inferior ao que cobrava anteriormente. Chamou um professor de
Matemática para perguntar o que estava ocorrendo, onde estava o erro
de sua estratégia e, desistiu do artifício após a explicação.
Vejamos o que
ocorreu...
Vamos supor que
uma mercadoria custasse 100 reais, o Sr. Manoel, para compor a
tabela, teria de colocar o preço de 120 reais e quando fosse na tal
“liquidação”, teria que dar um desconto de 20% sobre os 120
reais, que corresponderia a um desconto de 24 reais. Logo, teria de
vender a mercadoria por 120 – 24 = 96 reais, gerando para ele uma
perda de 4%.
O fato é simples
de ser entendido se você lembrar que o aumento inicial e o desconto
posterior foram ambos de 20%, só que sobre valores diferentes.
Enquanto o aumento foi sobre os 100 reais, o desconto teria de
ocorrer sobre os 120 reais e, é óbvio que 20% sobre 120 é maior
que 20% sobre 100.
Gostaria de
lembrar que essa questão é também um caso de correções
sucessivas (aumento, seguido de redução) e, como já vimos
anteriormente, podemos usar mais uma vez os fatores de correção.
Aqui, 1,2
representa o fator de correção ou multiplicador para um acréscimo
de 20%. E 0,80 (ou 0,8) representa o fator de correção para um
desconto de 20%.
O produto 1,2 por
0,8 (aumento e redução sucessivos) gera um resultado 0,96, que é
um fator de redução. Qual o percentual dessa redução (que para o
Sr. Manoel seria uma perda)? Acertou se pensou em 4%. (Lembra que
temos de calcular 1 – 0,96 = 0,04 ou 4%?).
História
6:
Vamos
apresentar agora uma história que, provavelmente, você já se
deparou com algum fato semelhante em sua vida. Essas situações
estão presentes no cotidiano de todas as pessoas.
Uma loja anuncia
a venda de um aparelho de som, com duas possibilidades de pagamento.
À vista por R$ 1 500,00 ou com uma entrada de 50% e uma segunda
parcela de R$ 900,00, paga 30 dias depois. Quanto está pagando de
juros a pessoa que escolher a segunda opção de pagamento?
Um aluno
apresentou a seguinte solução:
- Preço à vista = R$ 1 500,00;
- Preço pago em duas parcelas = R$ 750,00 + R$ 900,00 = R$ 1 650,00;
- Valor pago a mais (juros) = R$ 1 650,00 – R$ 1 500,00 = R$ 150,00;
- Percentual pago como juros (taxa) = 150 ÷ 1500 = 0,10 = 10%.
Você concorda
com essa solução? Em caso negativo, apresente uma outra e compare
em seguida com o comentário apresentado.
Verifique que
esta solução (que aparentemente não tem nada de errada) não está
correta já que, quando o cliente paga a entrada de 50% (R$ 750,00),
ele assume uma dívida de R$ 750,00 e é sobre esse valor que nossos
cálculos devem ser efetuados (é o que denominamos de saldo
devedor). Logo, os juros cobrados devem ser calculados verificando-se
o aumento de R$ 750,00 para R$ 900,00.
Devemos
determinar o percentual de juros comparando-se os R$ 150,00 cobrados
a mais, com R$ 750,00, ou seja, 150 ÷ 750 = 0,20 ou 20%.
Se formos usar os
fatores de correção, teremos que, neste caso, o fator de aumento
corresponde a 900 ÷ 750 = 1,20.
O fator 1,20
corresponde a um acréscimo de 1,20 – 1 = 0,20 = 20%.
Verifique que é
uma resposta bem diferente da que o aluno calculou e nós, por
desconhecimento ou falta de atenção, muitas vezes somos levados a
calcular erradamente os juros que estão inseridos nas compras que
fazemos.
História
7:
Vejamos
agora um fato interessante e que você talvez se assuste com a sua
conclusão.
Imaginemos um
jogo no qual a pessoa, em cada rodada, se ganhar recebe metade do que
possui na ocasião e se perder, perde metade do que tem no momento.
Uma pessoa que entrou com R$ 128,00 fez 6 apostas consecutivas,
ganhando 3 e perdendo 3 dessas apostas. O que podemos afirmar sobre
esse apostador?
A) Que ele ganhou
dinheiro;
B) Que ele não
ganhou, nem perdeu dinheiro;
C) Que ele poderá
ganhar, ou perder dinheiro, dependendo da ordem em que ocorrerem as 3
vitórias e as 3 derrotas;
D) Que ele perdeu
74 reais, independentemente da ordem em que ocorreram as vitórias e
as derrotas.
Solução:
Antes
de mostrarmos a solução deste jogo, vamos tentar uma das hipóteses
possíveis, para buscar alguma pista, ou descartar opções de
resposta.
Vamos supor que o
nosso jogador tivesse ganhado as três primeiras rodadas e perdido as
três últimas.
A
evolução de seu capital seria: 128
→
192
→
288
→
432
→
216
→
108
→
54.
Note que o jogador perdeu dinheiro e, como entrou com 128 reais e
saiu com 54 reais a sua perda foi de 128 – 54 = 74 reais. Com isso
já podemos descartar as opções A e B, mas, será que se as
vitórias e derrotas ocorressem em outra ordem o resultado seria o
mesmo? Vamos supor agora que as vitorias e derrotas se alternassem.
Vejamos o que ocorreria...
128
→
192
→
96
→
144
→
72
→
108
→
54.
Percebemos que chegamos ao mesmo resultado, uma perda de 74 reais.
Mas poderia ser uma coincidência...
Vamos usar
novamente os nossos fatores de correção e tentar uma explicação
convincente deste jogo.
Lembre-se que
quando um valor aumenta em 50%, ele está sendo multiplicado por 1,5.
Lembre também
que quando um valor reduz 50%, ele está sendo multiplicado por 0,5.
O nosso valor inicial, 128 reais, estará sendo multiplicado três
vezes por 1,5 e três vezes por 0,5. Como a ordem dos fatores não
altera o produto, confirmamos que, independentemente da ordem das
vitórias e derrotas, o resultado final será o mesmo. E qual será
esse resultado?
128
×
1,5 ×
1,5
×
1,5
×
0,5
×
0,5
×
0,5
= 54.
Conclusão
desse surpreendente jogo. Ele perdeu 74 reais, independentemente da
ordem em que se sucederam vitórias e derrotas. (opção
D)
Podemos agora
resumir os principais conceitos que aprendemos nas historinhas que
apresentamos, com o objetivo de apresentar os fatores de correção:
Você reparou
que:
- Todo fator de aumento é um número superior a 1?
- O fator de aumento pode ser obtido pela soma (100% + taxa de aumento percentual) cujo resultado deve ser posto na forma decimal? Exemplo: fator de aumento para um acréscimo de 24% = 100% + 24% = 124% = 124/100 = 1,24.
- Todo fator de redução é um número inferior a 1?
- O fator de redução pode ser obtido pela subtração (100% – taxa de redução percentual) cujo resultado deve ser posto na forma decimal? Exemplo: fator de redução para uma perda de 24% = 100% – 24% = 76% = 76/100 = 0,76.
- Aumentos ou reduções (ou mistura dos dois) consecutivos, devem ser calculados pelo produto dos fatores de correção, e não pela soma das taxas a eles correspondentes?
[Contato:
macolins@gmail.com]
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