As
ternas pitagóricas
(Artigo
organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da
Rede Estadual de Ensino do Maranhão)
Muito
frequentemente, mencionamos em sala de aula a terna de números
pitagóricos 3, 4, 5. Uma forma natural de introduzi-la é, após o
estudo do Teorema de Pitágoras, propor à classe encontrar as
medidas dos lados de um triângulo retângulo sabendo que são
números inteiros e consecutivos. Podemos, em seguida, propor a
generalização natural desta questão: determinar todas as ternas de
números inteiros que sejam as medidas dos lados de algum triângulo
retângulo. Explicamos, então, que uma terna de tais números é
chamada reduzida
se seus componentes não tiverem fator comum distinto da unidade.
A resposta para
essa questão é dada pelo seguinte teorema:
Se
p e q tomam todos valores inteiros, restritos somente às condições
- p > q > 0,
- p e q são primos entre si,
- p e q não são ambos ímpares,
então
as expressões x = p2
– q2,
y = 2pq, z = p2
+ q2
fornecerão todas as ternas pitagóricas reduzidas, e cada terna
somente uma vez.
Normalmente
encerramos a questão por aqui. Há, porém, uma curiosidade
perfeitamente pertinente que podemos acrescentar, enriquecendo o
assunto. Trata-se da seguinte propriedade:
Em qualquer
terna pitagórica reduzida, os números 3, 4 e 5 estão presentes.
Devemos
entender que 3, 4 e 5 estão presentes como fatores dos elementos da
terna, eventualmente os três números como fatores de um mesmo
elemento. Por exemplo, usando o teorema mencionado anteriormente com
p
= 6 e q
= 5, obtemos a terna pitagórica reduzida (11, 60, 61) onde 3, 4 e 5
são fatores de 60.
Para
demonstrar a propriedade, usamos o teorema mencionado. Seja então
uma terna pitagórica (p2
– q2,
2pq,
p2
+ q2
), com p
e q
naturais restritos às condições (1), (2) e (3).
- O fator 4 sempre vai estar no elemento 2pq.
É
óbvio por (3), pois um dos números, p
ou q,
é par.
- Se o fator 3 não ocorrer no elemento 2pq, então ele estará em p2 – q2.
De
fato, dividindo p e q por 3, encontraremos resto 1 ou 2, ou seja,
estes números são da forma 3k
+ 1 ou 3k
+ 2. Em qualquer caso, o quadrado é da forma 3k
+ 1. Portanto, a diferença p2
– q2
de dois números da forma 3k
+ 1 é divisível por 3.
- Se o fator 5 não ocorrer no elemento 2pq, então ele estará em p2 – q2 ou em p2 + q2.
De
fato, dividindo p
e q
por 5, encontraremos para resto um dos números: 1, 2, 3 ou 4. Isto
é, p
e q
são de uma das formas: 5k
+ 1, 5k
+ 2, 5k
+ 3, ou 5k
+ 4. O quadrado de qualquer um desses números é da forma 5k
+ 1 ou 5k
+ 4. Assim, se p
e q
forem do mesmo tipo (5k
+ 1 ou 5k
+ 4), p2
– q2
será múltiplo de 5. Caso contrário, o fator 5 estará em p2+
q2.
Moral da
história:
Numa terna
pitagórica não há como escapar dos números 3, 4 e 5!
[Contato:
macolins@gmail.com]
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