O
lado bom da pobreza
(Como
a pobreza ajuda a desenvolver o mundo)
(Artigo
organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da
Rede Estadual de Ensino do Maranhão)
“Quanto
menos recursos temos, mais precisamos de ideias criativas. E é dessa
criatividade que o mundo necessita para crescer”.
Se
a população
não
chega aos médicos, que os médicos cheguem à população. Foi
pensando assim que os indianos resolveram criar serviços de
enfermagem itinerantes no país. Grande parte da população da Índia
não tem acesso a postos de saúde. Mas esse pessoal agora não fica
mais sem atendimento. Enfermeiros e médicos vão hoje aos vilarejos
e fazem exames de sangue e raio x nos moradores por lá mesmo. Os
dados são enviados via internet para algum hospital da redondeza,
onde então é feito o diagnóstico.
Os indianos
pensaram como qualquer um de nós pensaria no dia a dia. Se não
temos recursos para resolver problemas, só nos resta improvisar.
Usar a criatividade. Essas ideias nascidas da escassez podem resolver
o problema de uma pessoa, de uma comunidade, de um país, como no
caso da Índia. Em alguns casos, de gente de todo o mundo. A ideia
dos dos indianos de levar atendimento a vilarejos, por exemplo,
serviu de inspiração para a gigante americana GE. A companhia
lançou em 2008 o Mac 400, primeiro aparelho de eletrocardiograma
portátil do mundo. Ele cabe em uma maleta, tem bateria que dura uma
semana e custa menos de US$ 1.000 (10% do preço de um convencional).
E agora é exportado para países como a China, onde ajuda pessoas
carentes a conseguir atendimento médico.
Ideias criativas
como essas estão nascendo cada vez mais nos chamados países
emergentes. Deles têm saído iniciativas que inspiram seus colegas
ricos, como EUA, Japão e europeus. É o que chamamos de inovação
na base da pirâmide, ou seja, inovação gerada pelos mais pobres.
Primeiro as pessoas introduzem uma ideia para solucionar desafios do
cotidiano. O produto é então vendido no mercado interno, ganha
escala e acaba exportado.
Basta ver os
dados para entender como isso está acontecendo. A coreana Sansung
investe mais em pesquisa e desenvolvimento do que a americana Intel.
A China investe mais em pesquisa e desenvolvimento do que o Japão.
Com a ajuda deles o mundo tem ganhado mais conhecimento e riqueza.
Dois fatores impulsionam a criatividade dos países mais pobres: o
baixo custo e a ousadia. E um ótimo exemplo é o Brasil, que também
partiu de suas necessidades para gerar inovação.
Aproveitando a
capacidade intelectual mais barata dos excelentes engenheiros
aeroespaciais brasileiros, a Embraer produziu aviões que custam
menos que os dos concorrentes. A companhia olhou para um nicho
ignorado por empresas já consolidadas no setor. Foi também com
ousadia que surgiram no país outras ideias distantes do pensamento
convencional e de fórmulas prontas, como o etanol e o motor flex e o
“porco light” da Embrapa (que concentra mais carne por quilo de
animal).
Claro que os
países mais pobres ainda têm um longo caminho a trilhar. Mas eles
possuem um espírito inovador capaz de levar as ideias mais loucas e
revolucionárias adiante. E derrubar as velhas maneiras de pensar.
[Contato:
macolins@gmail.com]
Nenhum comentário:
Postar um comentário