Comunicação
em Matemática:
Instrumento
de ensino e aprendizagem
(Artigo
organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da
Rede Estadual de Ensino do Maranhão)
A palavra
comunicação esteve presente durante muito tempo ligada a áreas
curriculares que não incluíam a Matemática. Pesquisas recentes
afirmam que, em todos os níveis, devemos aprender a nos comunicar
matematicamente e que os educadores devem estimular o espírito de
questionamento e levar os seus educandos a pensar e comunicar ideias.
A predominância
do silêncio, no sentido de ausência de comunicação, é ainda
comum em Matemática. O excesso de cálculos mecânicos, a ênfase em
procedimentos e a linguagem usada para ensinar Matemática são
alguns dos fatores que tornam a comunicação pouco frequente ou
quase inexistente.
Se os educandos
são encorajados a se comunicar matematicamente com seus colegas, com
o educador ou com os pais eles têm oportunidade para explorar,
organizar e conectar seus pensamentos, novos conhecimentos e
diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Assim, aprender
Matemática exige comunicação, no sentido de que é através dos
recursos de comunicação que as informações, conceitos e
representações são veiculados entre as pessoas. A comunicação do
significado é a raiz da aprendizagem.
Promover
comunicação em Matemática é dar aos alunos a possibilidade de
organizar, explorar e esclarecer seus pensamentos. O nível ou grau
de compreensão de um conceito ou ideia está intimamente relacionado
à comunicação bem sucedida deste conceito ou ideia.
Dessa forma,
quanto mais os alunos têm oportunidade de refletir sobre um
determinado assunto, falando, escrevendo ou representando, mais eles
compreendem o mesmo.
Somente trocando
experiências em grupo, comunicando suas descobertas e dúvidas e
ouvindo, lendo e analisando as ideias do outro é que o aluno
interiorizará os conceitos e significados envolvidos nessa linguagem
de forma a conectá-los com suas próprias ideias.
A capacidade para
dizer o que se deseja e entender o que se ouve ou lê deve ser um dos
resultados de um bom ensino de Matemática.
Essa capacidade
desenvolve-se quando há oportunidades para explicar e discutir os
resultados obtidos e para testar conjecturas.
A oralidade em
Matemática
Em toda nossa vida
de falantes, a oralidade é o recurso de comunicação mais
acessível, que todos podem utilizar, seja em Matemática ou em
qualquer outra área do conhecimento, é um recurso simples, ágil e
direto de comunicação que permite revisões quase que
instantaneamente, que pode ser truncada e reiniciada, assim que se
percebe uma falha ou inadequação, independentemente da idade e
série escolar.
Oportunidade para
os alunos falarem nas aulas faz com que eles sejam capazes de
conectar sua linguagem, seu conhecimento, suas experiências pessoais
com a linguagem da classe e da área do conhecimento que se está
trabalhando. É preciso promover a comunicação pedindo que
esclareçam e justifiquem suas respostas, que reajam frente às
ideias dos outros, que considerem pontos de vista alternativos.
Na essência, o
diálogo capacita os alunos a falar de modo significativo, conhecer
outras experiências, testar novas ideias, conhecer o que eles
realmente sabem e o que mais precisam aprender.
A partir da
discussão estabelecida, das diferentes respostas obtidas, o educador
será capaz de aprender mais sobre o raciocínio de cada aluno e
poderá perceber a natureza das respostas, realizando assim
intervenções apropriadas.
A comunicação
oral favorece também a percepção das diferenças, a convivência
dos alunos entre si, o exercício de escutar um ao outro numa
aprendizagem coletiva, possibilitando também aos alunos terem mais
confiança em si mesmos, se sentirem mais acolhidos e sem medo de se
exporem publicamente.
A comunicação
escrita
A escrita é o
enquadramento da realidade. Quando escrevemos não podemos ir para
tantos lados como no oral, ela prevê um planejar que não é
necessariamente escrito, mas auxilia na escrita. Portanto, o oral
antecede a escrita e nesse sentido a escrita pode ser usada como mais
um recurso de representação das ideias dos alunos.
Escrever sobre
Matemática ajuda a aprendizagem dos alunos de muitas formas,
encorajando reflexão, clareando ideias e agindo como um catalisador
para as discussões em grupo. Escrever sobre Matemática ajuda os
alunos a aprender o que está sendo estudado.
Além disso, a
escrita auxilia o resgate da memória e muitas discussões orais
poderiam ficar perdidas se não as tivéssemos registrado em forma de
texto. A historia, como disciplina, originou-se graças a esse
recurso – escrita de recuperação da memória.
Trabalhar essas
diferentes funções da escrita em sala de aula leva o aluno a
procurar descobrir a importância da língua escrita e seus múltiplos
usos.
Os textos servem
para informar alguma coisa ou para dar ao outro o prazer de ler.
Nesse sentido os alunos precisam entender que ao produzir um texto é
preciso se preocupar com as informações, com as impressões e se
necessário com as instruções.
A escrita também
sofre evolução à medida que o educador tiver o cuidado nos
momentos de correção de não usar um modelo único, mas
diversificá-lo, tendo a preocupação de escrever o melhor possível
para que a sua comunicação seja o mais eficiente possível.
Sugestões
para auxiliar a melhoria dos processos de comunicação nas aulas de
Matemática:
- Explorar interações nas quais os alunos explorem e expressem ideias através de discussão oral, da escrita, do desenho de diagramas, da realização de pequenos filmes, do uso de programas de computador, da elaboração e resolução de problemas;
- Pedir aos alunos que expliquem seu raciocínio ou suas descobertas por escrito;
- Promover discussões em pequenos grupos ou com a classe toda sobre um tema;
- Valorizar a leitura em duplas dos textos no livro didático;
- Propor situações-problema nas quais os alunos sejam levados a fazer conjecturas a partir de um problema e procurar argumentos para validá-las.
Com esse
trabalho nossos objetivos são levar os alunos a:
- Relacionar materiais, desenhos, diagramas, palavras e expressões matemáticas com ideias matemáticas;
- Refletir sobre e explicar o seu pensamento sobre situações e ideias matemáticas;
- Relacionar a linguagem do dia-a-dia com a linguagem e os símbolos matemáticos;
- Compreender que representar, discutir, ler, escrever e ouvir Matemática são uma parte vital da aprendizagem e da utilização da Matemática;
- Desenvolver compreensões comuns sobre as ideias matemáticas, incluindo o papel das definições;
- Desenvolver conjecturas e argumentos convincentes;
- Compreender o valor da notação matemática e o seu papel no desenvolvimento das ideias matemáticas.
A avaliação
A avaliação tem
a função de permitir que educador e educando detectem pontos
frágeis, certezas e que extraiam as consequências pertinentes sobre
para onde direcionar posteriormente a ênfase no ensino e na
aprendizagem. Ou seja, a avaliação tem caráter diagnóstico, de
acompanhamento em processo e formativo.
Nesta proposta a
avaliação é concebida como instrumento para ajudar o aluno a
aprender. Assim, o educador revê os procedimentos que vem adotando e
replaneja sua atuação, enquanto o educando vai continuamente se
dando conta de seus avanços e dificuldades.
A avaliação só
é instrumento de aprendizagem quando o educador utiliza as
informações conseguidas para planejar suas intervenções, propondo
procedimentos que levem o educando a atingir novos patamares de
conhecimento.
O recurso da
comunicação nesse sentido é essencial, pois no processo de
comunicar, o educando nos mostra ou fornece indícios de que
habilidades ou atitudes está desenvolvendo e que conceitos ou fatos
domina, apresenta dificuldades ou incompreensões. Os recursos da
comunicação são novamente valiosos para interferir nas
dificuldades encontradas ou para permitir que educando avance mais,
propondo-se outras perguntas, mudando-se a forma de abordagem.
[Contato:
macolins@gmail.com]
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