Dez
mandamentos para professores
(Artigo
organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da
Rede Estadual de Ensino do Maranhão)
Introdução
George Pólya
(1887 + 98 = 1985) nasceu em Budapest, Hungria, foi professor em
Zurich de 1914 a 1940 e depois em Stanford, Estados Unidos, onde se
aposentou em 1953 mas continuou ativo até praticamente sua morte,
quase centenário.
Pólya escreveu
vários livros e inúmeros artigos originais, que lhe deram sólida
reputação em Análise Clássica, Combinatória e Probabilidades.
Suas obras completas, em 4 volumes, foram publicadas em 1984 pela MIT
Press. Nos últimos quarenta anos de sua longa carreira, passou a
interessar-se pelo ensino da Matemática, dedicando-se quase
inteiramente ao estudo das questões referentes à transmissão do
conhecimento matemático. A esse respeito escreveu muitos artigos e
alguns livros extraordinários, como "How to Solve It"
(traduzido para o português como "A Arte de Resolver
Problemas").
O trabalho de
Pólya sobre o ensino da Matemática é maravilhoso simplesmente
porque não propõe truques, fórmulas miraculosas, ou muito menos
pomposas teorias pseudo-psicológicas. O presente artigo (bastante
sintetizado), de uma espontaneidade e de uma franqueza quase rudes,
resume suas ideias de modo bastante claro.
Após anos de
experiência como matemático de grande destaque e professor
universalmente reconhecido por seus dotes de mestre, Pólya sintetiza
suas conclusões em dez mandamentos e uma regra muito simples para
treinar professores que saibam seguir esses mandamentos.
Para ser um bom
professor de Matemática, você tem que vibrar com a sua matéria,
conhecer bem o que vai ensinar, ter um bom relacionamento com os
alunos para entender os problemas deles e dar a esses alunos a
oportunidade de (pelo menos algumas vezes) descobrir as coisas por si
mesmos. Deve ainda entender que "know-how" é mais
importante do que informação. E, para treinar professores a fim de
que possam cumprir sua tarefa, o melhor a fazer é praticar com eles
a arte de resolver problemas. A leitura dos mandamentos que se seguem
e, mais ainda, a releitura seguidas vezes, a meditação sobre os
mesmos e a adoção dos princípios neles embutidos, muito
contribuirão para melhorar a qualidade das nossas aulas de
Matemática.
Estas regras se
aplicam a qualquer situação de ensino, a qualquer matéria ensinada
em qualquer nível. Todavia, o professor de Matemática tem mais e
melhores oportunidades de aplicar algumas delas do que o professor de
outras matérias.
Mandamentos
- Tenha interesse por sua matéria;
- Conheça sua matéria;
- Procure ler o semblante dos seus alunos; procure enxergar suas expectativas e suas dificuldades; ponha-se no lugar deles;
- Compreenda que a melhor maneira de aprender alguma coisa é descobri-la você mesmo;
- Dê aos seus alunos não apenas informação, mas know-how, atitudes mentais, o hábito de trabalho metódico;
- Faça-os aprender a dar palpites;
- Faça-os aprender a demonstrar;
- Busque, no problema que está abordando, aspectos que possam ser úteis nos problemas que virão — procure descobrir o modelo geral que está por trás da presente situação concreta;
- Não desvende o segredo de uma vez — deixe os alunos darem palpites antes — deixe-os descobrir por si próprios, na medida do possível;
- Sugira; não os faça engolir à força.
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Nota:
Para Pólya know-how
é destreza; é a habilidade em lidar com informações, usá-las
para um dado propósito; know-how
pode
ser descrito como um apanhado de atitudes mentais apropriadas,
know-how
é, em última análise, a habilidade para trabalhar metodicamente.
Em
Matemática, know-how
é a habilidade para resolver problemas, construir demonstrações, e
examinar criticamente soluções e demonstrações. E, em Matemática,
know-how
é muito mais importante do que a mera posse de informações.
[Contato:
macolins@gmail.com]
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