segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Insucesso em Matemática


O Insucesso em Matemática
(Artigo organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Maranhão)

Este tema tão debatido, mas sempre atual, deu origem a este pequeno texto, depois da leitura de “Uma entrevista virtual sobre o ensino da Matemática” com o matemático Elon Lages Lima, de forma que todos pensemos mais um pouco sobre este assunto.
É vulgar ouvir-se dizer que os alunos estão cada vez piores, isto é, não têm hábitos de trabalho, nem empenho e estão menos preparados do que antigamente. Estas palavras não se referem apenas à Matemática! Professores de diferentes áreas dizem o mesmo! A cada ano que passa, todos nós lamentamos essa situação! Todo o ensino vai mal! O que fazer? Deixamos correr os acontecimentos, ou tentamos mudar alguma coisa?
É verdade que estamos inseridos numa sociedade e todos nós, alunos e professores, somos influenciados pelo que se passa à nossa volta. Apesar da grande evolução após o 25 de abril de 1974, continuamos com uma grande percentagem de analfabetos. O nosso povo não tem a noção exata do valor da educação e alguns dos nossos representantes políticos padecem do mesmo mal. A Matemática é difícil, dizem alguns, mas por quê? Por se exigir empenho, atenção e ordem nos trabalhos?

A Matemática trata de noções e verdades de natureza abstrata. Esta é uma das razões da sua força e importância. A afirmação de que 2 × 5 = 10, tanto se aplica aos dedos das duas mãos como aos jogadores que disputam um jogo de basquetebol. A generalidade com que valem as proposições matemáticas exige precisão, proíbe ambiguidades e, por isso, requer maior concentração e empenho por parte dos estudantes. O exercício dessas virtudes durante os anos de escola ajuda a formar hábitos que serão úteis no futuro. A perseverança, a dedicação e a ordem no trabalho são qualidades indispensáveis para o estudo da Matemática”. (Elon Lages Lima)

O conhecimento matemático é, por natureza, encadeado e cumulativo. Este aspecto de dependência acumulada dos assuntos matemáticos leva a uma sequência necessária, que torna difícil “apanhar o comboio em andamento” e, muitas vezes, provoca o medo que as pessoas têm da Matemática. Muitas pessoas, e até políticos, escondem o seu medo da Matemática, dizendo que são péssimas na matéria, que sempre a detestaram, que até os seus pais não gostavam… Enfim, dizem isso e, até, com certo “orgulho”. Porém, muitas dessas pessoas também escrevem e falam mal o português, mas não admitem nem se vangloriam disso.
O grande problema é que, para se aprender um assunto matemático, é necessário estar preparado para ele, é preciso estar disposto a enfrentar as dificuldades impostas pelas deficiências anteriores e que exigem um esforço redobrado. A aprendizagem é um processo gradual de compreensão e aperfeiçoamento.
Cometer erros durante a aprendizagem é algo inerente ao próprio processo de aprendizagem. Deve-se estar preparado para querer aprender, mesmo errando.
A Matemática não trata apenas de “aplicar” alguns conhecimentos ou procedimentos adquiridos ou treinados anteriormente, mas também ajuda a explorar, pensar, e descobrir, ainda que isso leve tempo.

"A Matemática não é apenas outra linguagem: é uma linguagem mais o raciocínio; é uma linguagem mais a lógica; é um instrumento para raciocinar”. (Richard P. Feynman)

É imperioso incutir nos estudantes a ideia de que nada se faz sem vontade própria. Vontade dos alunos para aprenderem e vontade dos professores para ensinarem. Os alunos devem sentir que os professores “vibram” com a matéria que ensinam, que o seu desejo de ensinar é autêntico e que estão interessados em ajudar a ultrapassar as dificuldades que eles apresentam.

O professor de Matemática tem uma grande oportunidade em mãos. Se preenche seu tempo apenas ensinando algoritmos, perde a oportunidade, pois mata o interesse dos alunos e bloqueia seu desenvolvimento intelectual. Se, por outro lado, lhes provoca a curiosidade através de problemas proporcionais ao seu conhecimento e os acompanha com questões estimulantes, estará lhes oferecendo o desejo e os meios para o desenvolvimento de um pensamento independente." (George Pólya)

[Contato: macolins@gmail.com]

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