segunda-feira, 29 de julho de 2013

Bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina


Bons leitores são bons alunos em qualquer disciplina
(Artigo organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Maranhão)

Trabalhar redação e leitura é tarefa de todos os professores, não só dos que lecionam Língua Portuguesa. A capacidade de entender e produzir textos é fundamental em qualquer disciplina, de História até Matemática. Cada área tem textos com características específicas e não dá para deixar tudo por conta do professor de Língua Portuguesa. Isto, no entanto, não quer dizer que agora todo mundo tem de ensinar português e cuidar da correção ortográfica. Só o professor de cada área sabe se o texto que ele pediu está correto em termos de vocabulário ou clareza da argumentação, por exemplo.
É comum o professor de Matemática propor um problema às crianças e perceber que muitas teriam conhecimento para solucioná-lo, mas não conseguem chegar lá porque não entendem o enunciado. Há alunos que sabem o raciocínio, mas têm dificuldade de escrever e de ler corretamente.

Textos científicos ensinam a comparar opiniões

O estudo de texto nas aulas de Língua Portuguesa costuma se restringir a narrativas de ficção, relatos pessoais (como cartas) ou, no máximo, notícias tiradas da imprensa. Para o estudante, isso não é suficiente, porque há muitos outros tipos de texto que ele precisa compreender. Cada área deve investir nos gêneros que fazem parte do seu dia-a-dia.
Com essa atividade, consegue-se familiarizar a garotada com a escrita científica, que exige planejamento prévio para organizar ideias e atenção à clareza dos conceitos. As turmas compreenderão que a linguagem formal facilita a comunicação com o leitor que não se conhece. Por isso, ela é a mais eficiente quando se escreve um texto para ser publicado.
Os textos de ciências humanas têm outras características peculiares, como revelar a ideologia do autor e expor visões diferentes sobre um tema. Se os alunos forem acostumados a ler vários modelos de texto (de documentos oficiais a ensaios científicos), vão desenvolver espírito crítico para perceber essas nuances. Em pouco tempo saberão expor as próprias ideias por escrito, com argumentos destinados a convencer o leitor.

Na Matemática, o desafio é traduzir palavras em símbolos

A atividade com texto nas aulas de Matemática envolve outros desafios, como a relação entre duas linguagens diferentes – as palavras e os símbolos matemáticos. Só o professor da área pode trabalhar satisfatoriamente a combinação de linguagens presente na resolução de problemas. Para solucioná-los, pede-se ao aluno que traduza uma situação inicialmente escrita em palavras para uma forma mais abstrata, composta de números e sinais.
Isso leva a criança a desenvolver habilidades de raciocínio e representação, que ela poderá usar em outras situações, cada vez mais complexas. Resolver uma questão matemática com desenhos pode ser um bom começo para que a garotada das primeiras séries se sinta à vontade no trânsito entre as duas linguagens. Por exemplo: peça que os alunos, por meio de desenhos, distribuam nove lápis em três estojos ou 12 bolas entre quatro crianças.
O trabalho com leitura e escrita em Matemática já pode ser proposto nas primeiras séries. A atividade em grupo é muito produtiva nessa fase, tanto para desenvolver habilidades de comunicação quanto para revelar ao professor e aos próprios alunos o quanto aprenderam e quais dificuldades ainda têm.
A utilização de textos nas aulas de Matemática é uma boa maneira de levar as crianças a refletir sobre o que aprendem. Para ensinar tabuada, por exemplo, pode-se usar jogos e depois pedir que os alunos escrevam sobre a experiência. Os relatos dos estudantes sobre o Bingo da Tabuada (por exemplo) – em que eles têm de achar o resultado de uma multiplicação em suas cartelas de números – mostram que alguns ficam atentos às peças do jogo, outros às regras e os demais ao conteúdo matemático. Com base nisso, pode-se concluir que se deve continuar investindo na atividade até que a maior parte da turma constate, sozinha, como funciona a tabuada e também avalie o próprio aprendizado.

[Contato: macolins@gmail.com]

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