segunda-feira, 29 de julho de 2013

Teaching Secondary Mathematics Through Applications


Teaching Secondary Mathematics Through Applications
(Artigo organizado por Marcos Antônio Colins, professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Maranhão)

O título deste artigo coincide com o título do livro escrito por Herbert Fremont (2a edição, 1979, Editora Prindle, Weber e Schmidt, USA), que em português significa “O Ensino da Matemática na Escola Secundária por meio de Aplicações”.
O objetivo principal do livro de Fremont é ajudar os professores de Matemática nas escolas de 1o e 2o graus a cumprirem as seguintes missões:
  1. Mostrar aos estudantes que não há razão para temer a Matemática;
  2. Exibir aos estudantes diversos modos pelos quais a Matemática está integrada em sua vida diária.
Estas são, sem dúvida, as coisas mais importantes que um professor de Matemática pode conseguir como resultado do seu trabalho. Evidentemente, a tarefa (1) é um auxiliar para (2), necessária para que as várias situações exibidas possam ser assimiladas sem maiores traumas.
O que é, afinal, a Escola, senão uma preparação para a Vida? Admitido este princípio óbvio, a Matemática tem lugar de destaque na Escola simplesmente porque é indispensável para entender as coisas que nos cercam na vida contemporânea, para explicar os fenômenos físicos, biológicos e sociais, para controlar as forças dessas (e de outras) espécies, enfim, para que o jovem possa ter uma visão inteligente do mundo em que vive.
A maioria dos estudantes e praticamente todos os professores de Matemática já ouviram ou leram afirmações como as que acabamos de fazer. Muito poucos, porém, tiveram a oportunidade de ver tais afirmações genéricas serem exemplificadas por meio de casos concretos, preferivelmente relacionados a situações atuais. Quantos de nossos colegas não adorariam possuir um repertório, uma coleção de problemas nos quais questões objetivas e atuais fossem tratadas com técnicas matemáticas bastante simples, ao alcance do conhecimento de seus alunos? Quantos não anseiam por uma lista variada de exemplos utilizáveis em classe, provando assim aos estudantes que é útil aprender Matemática?
O livro de Fremont é, antes de mais nada, uma feliz antologia de aplicações da Matemática ao mundo de hoje, tudo isso ao nível da Escola Secundária. Neste particular, ele é o melhor dos antídotos contra o torpor da chamada “Matemática Moderna”. Com efeito, o grande e fundamental fracasso desta última foi precisamente o de adotar uma concepção da Matemática bastante dissociada das aplicações e, como tal, em contradição com o objetivo básico da Escola como preparação à Vida.
O livro de Fremont tem 342 páginas e cerca de 300 delas contêm exemplos de aplicações interessantes da Matemática.
O livro se divide em três partes, das quais a segunda, que ocupa 294 páginas e que é formada pelas aplicações, é significativamente intitulada “O Ensino da Matemática”. Isto já define a filosofia do autor bem claramente.
A primeira parte do livro chama-se “Preparação para Ensinar Matemática”. Tem 22 páginas e contém quase tudo o que precisa ser dito sobre a metodologia do ensino dessa matéria. O autor, com sua longa experiência em salas de aula e, acima de tudo, com grande honestidade, nos diz que a arte de ser um bom professor de Matemática, não se baseia em complicadas teorias nem constitui uma ciência abstrata.
Ele enumera 10 princípios básicos e simples sobre os quais deve assentar-se o ensino eficiente da Matemática.
Os cinco primeiros princípios se referem à natureza da Matemática, que deve ser bem compreendida pelo professor. Eles são os seguintes:
  1. A Matemática ajuda a compreender nosso meio ambiente;
  2. A Matemática é a linguagem da Ciência;
  3. A Matemática e a sociedade são interdependentes;
  4. A Matemática é um sistema abstrato de ideias;
  5. A Matemática é o estudo de modelos (“patterns”).
É evidente que não pode ser um bom professor aquele que não tem uma boa compreensão do significado e do alcance do assunto que está ensinando. Em apenas 4 páginas o autor discorre, com grande clareza, sobre cada um dos cinco princípios acima.
Os outros cinco princípios fundamentais do ensino da Matemática se referem à experiência de transmitir o conhecimento matemático na sala de aula. Eles são os seguintes:
  1. O “ciclo vital” da aprendizagem de uma ideia matemática mostra que essa aprendizagem deve evoluir a partir de um envolvimento ativo com objetos concretos até a análise e as abstrações;
  2. Durante todo esse processo, o estudante deve estar livre para pensar e tirar suas próprias conclusões;
  3. O pensamento lógico-analítico deve ser precedido por oportunidades para ideias “aventurosas”, tentativas e palpites;
  4. Uma criança, em geral, é capaz de abstrair um princípio matemático depois de confrontada com uma série de situações às quais o dado princípio é inerente;
  5. Imagens visuais são indispensáveis para que o estudante possa compreender e utilizar conceitos abstratos.
O autor termina seu compêndio de pedagogia de 21 páginas ilustrando com um exemplo concreto como utilizar estes princípios na elaboração de um plano de ensino de um tópico, oferecendo, inclusive, sugestões sobre a atuação do professor na sala de aula. No decorrer do capítulo, ele enumera uma série de conselhos utilíssimos ao jovem professor, no que concerne ao seu relacionamento humano com os alunos.
O livro do professor Fremont é um trabalho com profunda percepção do problema do ensino da Matemática, escrito com honestidade e amor aos seus colegas professores de Matemática de todo o mundo. Certamente, sua tradução para a língua portuguesa servirá como auxílio inestimável ao esforço que se faz no sentido de divulgar cada vez mais o conhecimento da Matemática e o seu ensino no Brasil.

[Contato: macolins@gmail.com]

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